Investigadoras do Iscte-Instituto Universitário de Lisboa desenvolveram uma nova escala para avaliar o suporte familiar para a autonomia e dependência funcional de pessoas com dor crónica. O estudo de validação deste instrumento foi recentemente publicado na revista científica internacional The Journal of Pain.
A Escala de Suporte Informal para a Autonomia e Dependência na Dor, ou ISSADI-PAIN (do inglês Informal Social Support for Autonomy and Dependence in Pain Inventory), pretende medir a promoção da autonomia/dependência funcional percebida pela pessoa com dor crónica em relação aos seus cuidadores informais, sobretudo familiares. Sónia Bernardes, investigadora no Centro de Investigação e Intervenção Social (CIS-Iscte), é a primeira autora deste estudo, e explica-nos o processo de desenvolvimento deste instrumento:
“Havia já uma escala dedicada a avaliar estas dimensões em contexto formal, isto é, em instituições de cuidado formal, como lares ou centros de dia e que foi desenvolvida no âmbito do doutoramento da investigadora Marta Matos, orientado por mim e pela Prof. Liesbet Goubert, da Universidade de Ghent. O que fizemos foi adaptá-la ao contexto de cuidados prestados por familiares, sobre os quais este tipo de instrumento escasseia no que se refere à dor crónica.”
Esta escala “foi revista ao longo de um processo que permitiu chegar a uma versão final com 11 itens, o que facilita a sua aplicação”, acrescenta a investigadora. O instrumento permite medir três tipos de ações de suporte em contextos de dor: 1) o suporte promotor de dependência funcional; 2) o suporte emocional promotor de autonomia funcional; 3) e o suporte instrumental promotor de autonomia funcional.
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Assim, a ISSADI-PAIN é uma ferramenta curta, válida e fiável que avalia até que ponto o apoio social familiar à dor promove a autonomia funcional ou a dependência dos indivíduos. É sensível ao género e diferencia as respostas de apoio familiar a pessoas com dor aguda e crónica, podendo assim contribuir para entender o papel das dinâmicas familiares na transição da dor aguda para crónica.
Este estudo foi realizado por Sónia Bernardes, do CIS-Iscte, Alexandra Rei, mestre em Psicologia pelo Iscte, e Helena Carvalho, do Centro de investigação e Estudos de Sociologia do Iscte, com o apoio da Liga Portuguesa contra as Doenças Reumáticas e da Myos-Associação Nacional contra a Fibromialgia e Síndroma da Fadiga Crónica. As autoras disponibilizam uma versão em Português e uma versão em Inglês. Em colaboração com uma equipa da Universidade de Málaga também já foi criada uma versão em Espanhol.
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